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Operação Hunt: Filme protagonizado e dirigido por Lee Jung Jae retrata eventos reais

Ator de grandes sucessos, como Round 6, fez sua estreia como diretor em seu mais recente filme de ação e suspense político


(Divulgação/ Megabox)

Operação Hunt (2022) estreou em 2 de fevereiro em cinemas brasileiros e mostrou-se como uma forte produção de ação e suspense sul-coreana. Protagonizado, dirigido e roteirizado por Lee Jung Jae, ator renomado e experiente por trabalhos como Round 6 (2021), o filme marca a estreia do ator como diretor. Além disso, comprova que os anos de trabalhos no cinema ao lado de diferentes diretores o moldaram para entregar um primeiro longa com excelência.


Conhecido internacionalmente apenas como Hunt, o filme estreou em seu país natal em 10 de agosto de 2022 e esteve entre os convidados do Festival de Cannes no começo do mesmo ano. A produção de Lee Jung Jae o rendeu um debut positivo no segmento pelas conquistas, como prêmio de Melhor Diretor Estreante no Blue Dragon Film Awards 2022 e o título de quarta maior bilheteria de 2022 de um filme coreano, com 4.352.390 ingressos e mais de $ 36 milhões bruto.



A corrida contra o tempo para encontrar o espião


Na década de 1980, em meio ao governo totalitário de Chun Doo Hwan, um plano de assassinato ao presidente sul-coreano deixa as tensões aflorarem na KCIA, a Agência de Segurança Nacional. Park Pyong Ho (Lee Jung Jae) e Kim Jung Do (Jung Woo Sung) são agentes de elite que lideram unidades diferentes dentro da KCIA. Colegas de trabalho e rivais, a dupla é responsável por capturar o espião infiltrado da Coreia do Norte, conhecido como Donglim, mas ao longo dessa busca, eles descobrem verdades por trás dos objetivos um do outro.



Enquanto Pyong Ho é chefe da Unidade Estrangeira, Jung Do é quem comanda a Unidade Doméstica. Desde as primeiras cenas é possível notar a explícita rivalidade entre os agentes, que possuem fortes divergências tanto na área de atuação de suas unidades, quanto na forma de lidarem com o trabalho. Essa inimizade é estimulada como jogada estratégica pelo superior dos protagonistas, que os instiga a investigarem um ao outro. Logo, os dois se viram um contra o outro com objetivo de encontrar o espião. Porém, essas atitudes afetam seus respectivos subordinados e criam uma visível ruptura na KCIA.



Desde a primeira cena, o filme não dá tempo para o telespectador respirar, com uma sequência de perseguições, tiros e explosões. Jung Woon Sung sabe como manter elevada a rivalidade entre os dois agentes, fazendo que o público fique dividido em relação as intenções de cada um dentro da organização. Ao longo da trama, os chefes Park e Kim percebem um objetivo comum, apesar escolherem alcançá-lo por caminhos diferentes.


(Divulgação/ Megabox)

A trama se desenvolveu e centrou nos problemas internos do Sul e a forte rivalidade histórica entre as duas Coreias. Essa decisão certeira foi capaz de apresentar o público mais de perto verdades sobre um período específico da Coreia do Sul, com a retratação de episódios marcantes, que podem ser desconhecidos entre os que não possuem tanto contato com o país.


Lee Jung Jae entrega atuação que se espera da sua vasta experiência, mas é sua direção e roteiro que arrancam reações surpresas do público. Em sua estreia como diretor, Operação Hunt reafirma o quanto a Coreia do Sul sabe entregar tramas de ação envolventes e não perdem nenhum pouco para filmes de Hollywood. A produção manteve a tensão ao longo de toda a narrativa, que aumenta cada vez que o público se aproxima do que eles são levados a acreditar como verdade, até que são surpreendidos por uma série de reviravoltas. Sem dúvidas, os plot twists roteirizados por Jung Jae são um dos pontos chaves da produção.



Elenco reconhecido, mas núcleos desperdiçados


Operação Hunt apresenta um elenco forte, desde os protagonistas até os coadjuvantes que compõem as unidades da KCIA. Lee Jung Jae chamou atenção internacional em 2021 pelo seu papel no sucesso da Netflix, Squid Game, que acumulou uma série de vitórias em Hollywood. Além da série de suspense, Jung Jae é dono de uma extensa lista de trabalhos para o cinema e televisão.


(Divulgação/ Megabox)

Ao lado do ator, Jung Woo Sung, que assume também o papel de protagonista, é tão experiente quanto o colega, com diversos trabalhos, principalmente, para o cinema. Com passagens por diferentes gêneros de produções, Woo Sung protagonizou filmes como The King (2017) e Innocent Witness (2019), que inclusive, o rendeu um Blue Dragon e Daesang naquele ano.



Para dar vida ao braço direito astuto do personagem vivido por Jung Jae, o filme apresenta Jeon Hye Jin. Assim como os colegas, tem décadas de atividade como atriz, tendo sido premiada no Blue Dragon Film Awards por sua atuação em The Throne (2016). Em meio a tantos nomes que estão há anos na indústria, surge Go Youn Jung em sua estreia no cinema. A atriz possui uma lista mais singela de trabalhos, mas chamou atenção por sua performance em Sweet Home (2020) e Law School (2021).


(Divulgação/ Megabox)

Os nomes citados até aqui podem ser considerados o núcleo que realmente teve presença no filme. Porém, os atentos em teledramaturgia e cinema sul-coreana notaram rostos familiares, que podem ter passado quase despercebidos pela falta de aproveitamento de suas performances. Enquanto os personagens de Lee Jung Jae e Jung Woo Sung estavam em um embate interminável, ao redor deles haviam suas unidades da KCIA, que participaram de algumas missões, mas nada que colocasse o rosto desses atores realmente em evidência.


Heo Sung Tae, conhecido internacionalmente por seu personagem controverso em Round 6, estava presente no filme como Jang Cheol Sung, membro da Unidade Doméstica KCIA. Jo Woo Jin, protagonista de Ligação Explosiva (2022) e conhecido por atuações nos K-Dramas Happiness (2021) e Narco-Santos (2022) passou quase despercebido como agente da KCIA, assim como Park Sung Woong, ator de Remember: War of Son (2025) e Snowdrop (2021).


Abordagem de eventos reais


É comum que a Coreia do Sul aposte em retratar eventos reais de sua história em produções, principalmente, em enredos de ação, que envolvam espionagem e política. Em muitos momentos, isso os leva a resgatar seu passado histórico ditatorial, como ocorreu em Snowdrop (2021) e em certos filmes submetidos ao Oscar para representar o país.



Com Operação Hunt não é diferente, muitos dos momentos retratados no longa fazem parte da história sul-coreana. A produção apresentou três momentos históricos da década de 1980: o Movimento de Democratização de Gwangju em 18 de maio de 1980, a deserção do piloto norte-coreano Lee Ung Pyeong em 1983 e o ataque terrorista de Rangum no mesmo ano. Além de acontecimentos específicos, o filme conta com cenas explicitas de torturas em prisioneiros da KCIA, recorrentes em um Estado totalitário.


Todos os episódios ocorreram durante o governo de Chun Doo Hwan, quinto presidente da Coreia do Sul, que contribuiu com o golpe de Estado de seu antecessor e subiu ao poder da mesma forma. Doo Hwan teve oito anos de governo marcados pela brutalidade e forte repressão, o presidente golpista fechou universidades e controlou a mídia.



O filme tem início em 1983, com o plano de assassinato de Doo Hwan, que conta com a proteção da KCIA. O Movimento de Democratização de Gwangju em 1980, também conhecido como a Revolta de Gwangju ou o Massacre de Gwangju, surge na narrativa em forma de flashbacks. O movimento se desenvolveu em meio a revolta da população de Gwangju contra a ditadura, quando os cidadãos tomaram o controle da cidade, mas foram contidos pelo exército sul-coreano. Estima-se que o número de mortos possa superar a marca de 2 mil.


(Divulgação/ Megabox)

A deserção do piloto norte-coreano Lee Ung Pyeong em fevereiro de 1983 também foi retratada no longa. No fato real, o piloto tinha alta patente em seu país natal e voou com seu MIG-19 por uma zona desmilitarizada até o Sul. O motivo da decisão do ex-capitão da Força Aérea da Coreia do Norte teria sido estimulada pelo forte regime repressivo do Norte e pela aposentadoria forçada do seu pai no exército.


A tentativa de assassinato contra Chun Doo Hwan é o ponto chave do filme. Na história da Coreia do Sul, o ocorrido é conhecido como o Atentado de Rangum em 9 de outubro de 1983. Na ocasião, o ataque planejado pela Coreia do Norte pretendia utilizar explosivos improvisados para assassinar o presidente em Rangum na Birmânia. A estratégia falhou e o político escapou com vida, porém, estimam-se 21 morte e 46 feridos, enquanto dois suspeitos foram capturados, entre eles, o capitão do exército norte-coreano, Kang Min Chol, que confessou a autoria.

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