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“A Criatura de Gyeongseong” toca em pontos sensíveis através de fantasia e metáforas

Com elenco impecável, o drama coreano da Netflix retrata uma Coreia afetada pela guerra e colonização; confira a review


Imagem de divulgação de k-drama A Criatura de Gyeongseong
(Divulgação / Netflix)

Uma garota vestida de azul cai pelas profundezas da escuridão e se transforma em uma criatura misteriosa. Sem saber controlar seus instintos, ela se depara com todos os estragos causados por si e também pela ganância humana. Assim pode ser descrita a abertura de A Criatura de Gyeongseong, retratando a sensível trama da produção original Netflix. Com um elenco composto por grandes nomes das telas coreanas, o enredo se sustentou de forma bem linear, sensível e única.


O drama lançado no dia 22 de dezembro recebeu sua segunda parte em 5 de janeiro. E já com a primeira temporada finalizada, recebe a nota de 8.5 no MyDramaList, site que hospeda fichas técnicas de séries, filmes e atores asiáticos e avaliações de espectadores que consomem produções do continente.  






A excelência da série se dá pelo seu elenco de peso, composto por Han So Hee, atriz de séries como Nevertheless, My Name e 100 Days My Prince. Com ela, Park Seo Joon de Itaewon Class, Hwarang e The Marvels. Ambos formam a dupla principal do drama, como Jang Tae Sang, um vendedor de informações e o mestre da Casa Dourada, um estabelecimento de penhores sustentado por muitos objetos de valor. E Yoon Chae-ok, uma todugun, detetive especializada em procurar pessoas desaparecidas. 


Chae-ok trabalha com seu pai Yoon Joong Won (Jo Han Chul de Hometown Cha Cha Cha), porém a profissão nunca foi algo que decidiram executar, e sim ocorreu pela necessidade, visto que a mãe da detetive desapareceu há 10 anos e naturalmente a busca por ela se deu em procurar outras pessoas também. E assim se deu o encontro dos investigadores com o mestre da Casa Dourada, envolvidos em uma investigação que envolve pessoas influentes e que mudaria o rumo de suas histórias. 


Todo sentido que foi dado para A Criatura de Gyeongseong se torna ainda mais complexo e sensível quando analisado com atenção, já que a história é ambientada em Gyeongseong, a cidade de Seul quando a Coreia foi anexada ao Japão, durante o período Imperial em 1945. Portanto, a série apresenta um cenário antigo, muito bem executado em termos estéticos, e bem aplicado no contexto que o país vivia naquela época. O ponto central do drama coreano todo se apoia nos acontecimentos históricos entre ambos os países, e isso torna a trama sensível e atemporal. 


O Império Coreano, também nomeado como Joseon que conhecemos em dramas históricos, entrou em colapso em 1910, quando a ocupação japonesa começou a acontecer, e foi perdurando até o fim da guerra em 1945. Assim, A Criatura de Gyeongseong retrata um período final da guerra, mas onde o exército japonês ainda dominava Joseon de forma bem firme, e isso não era segredo. Mas o que choca tanto quanto toda a crueldade vivenciada pelo povo joseonense são os aspectos trazidos através da fantasia.





Metáforas que descrevem a realidade


General Kato (Choi Young Joon), um militar ganancioso inicia experimentos inacreditáveis no Hospital Ongseong, em que seres humanos se tornam armas de guerra, verdadeiras feras indomáveis que surgem de pessoas inocentes. As metáforas não ficam nas entrelinhas, elas são bem claras. Os monstros criados no subsolo do hospital, torturas e crueldades representadas naquele ambiente são uma forma de expressar toda dor e trauma causado pela guerra. 


O drama está sob o olhar do meticuloso diretor Jung Dong Yoon - que co-dirigiu It’s Okay to Not Be Okay, e roteiro de Kang Eun Kyung, que assina o roteiro das três temporadas de Dr. Romantic. A dupla foi um tanto quanto minuciosa em representar bem a época, e os acontecimentos de forma respeitosa aos que viveram os dias sombrios do conflito. Eles se preocuparam em mostrar ao público como “os coreanos foram jogados ao caos da guerra e políticas culturais”, como afirma Eun Kyung. Isso é visível por como cada personagem tem cargas intensas em suas vidas.   





Personagens que cativam


Imagem de divulgação de A Criatura de Gyeongseong
(Divulgação / Netflix)

Chae-ok, que é durona e persistente, e mesmo jovem passou anos ao lado de seu pai buscando por sua mãe desaparecida. Tae Sang perdeu a mãe logo cedo e precisou construir sua vida do zero, vindo da extrema pobreza, e isso o  tornou sensível e resiliente. Apesar de opiniões e formas adversas para lidar com situações, ambos se conectam pela essência de suas personalidades. 


Mas além da dupla principal, cada personagem sustenta a sensibilidade que A Criatura de Gyeongseong tem, com suas histórias e batalhas pessoais acerca da guerra que o país enfrentava. Cada papel tem personalidades únicas, que entregam uma pontada de humor, muita ação, drama e suspense, todos os aspectos de forma equilibrada e surpreendente. O tempo inteiro lembramos como cada um é importante e cativante, o que em certos momentos, suas atitudes são compreensíveis, embora em outros contextos, não sejam tão cabíveis assim. 


A curiosidade é um fator muito forte no K-drama. Tanto na trama, que é instigante e provocativa, quanto nos personagens. Muitos causam revolta, outros empatia, mas um ponto comum entre todos eles, é gerar curiosidade e mistério com suas devidas importâncias. E assim, faz você querer saber qual foi o futuro que cada um teve. 


Por fim, cada aspecto citado foi essencial para construir uma narrativa tão linear e provocante. Mas uma lembrança importante é o gosto agridoce que fica, é que no tipo de trama que carrega, é melhor se manter sem expectativas para um final feliz, já que é uma história sobre guerra e experimentos humanos. 





A Criatura de Gyeongseong é renovada para segunda temporada


Embora grande parte dos K-dramas seja composto por uma boa, completa e única temporada, algumas produções recebem uma segunda temporada, como Soundtrack #2, que estreou recentemente. Muitas vezes, uma história termina com um final que deixa alguns questionamentos para impactar ao telespectador, mas sem induzir que a série dará sequência a trama.


Mas esse não foi o caso de A Criatura de Gyeongseong, o fim da temporada entrega totalmente que o drama precisa contar um pouco mais da história. E o anúncio da segunda temporada levantou uma série de questionamentos e teorias sobre qual tempo se passaria. Em seguida, a Netflix afirma que Park Seo Joon, que antes era Tae Sang, interpretará um outro personagem, muito parecido com o mestre da Casa Dourada. E sim, ele está no tempo presente, em 2024. 



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