HUNTER: Novo álbum do KEY revela o seu lado mais autêntico
- Juliana Palmeirim da Silva
- 15 de ago.
- 6 min de leitura
Atualizado: 22 de ago.
O cantor do SHINee se firma como um dos nomes mais criativos da cena pop coreana com o novo álbum

(Divulgação / SM Entertainment)
O multifacetado KEY, membro do lendário grupo SHINee, está de volta com HUNTER, seu terceiro álbum solo — e possivelmente o mais intenso e honesto da carreira até agora. Lançado em 11 de agosto, o projeto apresenta dez faixas inéditas e mergulha profundamente nas complexidades do “eu” interior, transitando entre gêneros, emoções e versões de si mesmo.
Conhecido por sua ousadia estética e sonoridade híbrida, KEY expande ainda mais seu universo artístico. Se antes ele nos entregava teatralidade, retro-futurismo e brilho conceitual, agora ele expõe sua essência em um disco que fala de prazer, dor, autoconhecimento e vulnerabilidade. HUNTER é mais do que um álbum — é um convite para encarar os próprios monstros.
O disco marca o retorno de KEY após um ano desde seu último EP Pleasure Shop (2024) e três anos desde o lançamento do cultuado Gasoline (2022). A expectativa era alta — e ele não decepcionou.
“Você é o caçador ou a presa?”
A faixa-título, “Hunter”, abre o álbum como uma provocação direta ao ouvinte. Com batidas densas, riffs de guitarra, bumbo pesado e sintetizadores imersivos, a música constrói um clima cinematográfico que remete a um confronto interno. A letra, carregada de simbolismo, mergulha no paradoxo entre dor e prazer em um relacionamento obsessivo.
“Acredito que dor e prazer não podem existir um sem o outro. Eles coexistem. Em ‘Hunter’, há um verso que diz: ‘Nós nos tornamos um’, e essa linha guarda a chave para entender essa dualidade”, explica KEY em entrevista exclusiva à Billboard Brasil.
Além disso, KEY revelou que o “caçador” do título é uma metáfora para um lado desconhecido de si mesmo, um “eu” que só pôde ser revelado através da criação artística. “Essa sensação estranha de se encontrar com um lado desconhecido pode, na verdade, ser um sinal de crescimento. Eu queria transmitir a mensagem de que não devemos fugir disso, mas enfrentá-lo com coragem”, explicou.
Esse conceito se desdobra ao longo das faixas em narrativas fragmentadas, como se fossem vislumbres de diferentes espelhos que refletem o artista em múltiplas versões. O álbum não segue uma história linear, mas constrói uma espécie de mapa emocional, onde cada canção representa um ponto de tensão ou revelação.
Narrativas não lineares e coragem emocional

Capa do álbum HUNTER (Divulgação / SM Entertainment)
HUNTER é uma jornada cuidadosamente construída. Ao invés de apenas empilhar faixas com potencial comercial, KEY desenvolveu o álbum como se estivesse montando um espetáculo ao vivo. Ele pensou na ordem das músicas como um roteiro emocional: da abertura impactante às baladas introspectivas, passando por momentos intensos, dançantes e até sarcásticos. É, nas palavras do próprio artista, “como montar um show ao vivo com começo, meio e fim orgânicos”.
Essa abordagem permite que o ouvinte experiencie o disco como uma performance — não apenas auditiva, mas sensorial. Em músicas como Strange e Trap, o artista desafia padrões e questiona os comportamentos humanos modernos, incluindo o vazio das interações e a superficialidade que muitas vezes acompanha o sucesso. “Mesmo que eu perdesse tudo amanhã, quero continuar fiel a quem eu sou”, diz KEY, refletindo sobre seu compromisso com a autenticidade.

(Divulgação / SM Entertainment)
Ele também discute sua relação com a autoconfiança em faixas como No Way! e GLAM. Ambas celebram o ato de se manter firme diante das expectativas dos outros. KEY acredita que, apesar das pressões da indústria, é essencial proteger sua integridade artística. “No fim das contas, sou eu quem precisa me proteger. Tento manter os pés no chão e meu centro firme”, afirma.
Parcerias que elevam a proposta
Além da ousadia conceitual, HUNTER se destaca pelas colaborações cuidadosamente escolhidas. Em Perfect Error, a voz suave de Seulgi (Red Velvet) se encaixa perfeitamente com o timbre expressivo de KEY. A música tem uma atmosfera inspiradora e positiva, com uma leveza que contrasta com a intensidade do restante do disco.
Já Infatuation, com participação de Eunho (PLAVE), é um mergulho nostálgico no universo do new jack swing dos anos 1990. A faixa apresenta um groove marcante, com uma pegada romântica e dançante. KEY destaca a química vocal nas parcerias, apontando que são mais do que colaborações comerciais — são encontros artísticos que adicionam novas dimensões ao álbum.
Mesmo nas faixas solo, o artista explora camadas vocais complexas, alternando entre tons ásperos e suaves, agressivos e melódicos. “Escondi detalhes ao longo do álbum que podem ser interpretados de maneiras diferentes, dependendo da perspectiva do ouvinte”, revela, incentivando uma escuta atenta.
Entre o pop disruptivo e o experimentalismo sonoro
Musicalmente, HUNTER representa o auge da experimentação de KEY. O álbum transita com fluidez entre o eletrônico industrial, o pop punk, o house onírico e até referências ao hyperpop — especialmente perceptível em faixas como Want Another, que remete à estética sonora da artista SOPHIE.
(Divulgação / SM Entertainment)
A crítica especializada já começou a reagir: a NME afirmou que este é “o melhor álbum da carreira solo de KEY até agora”, elogiando a mistura de “produção brilhante com caos controlado”. A revista também destacou o risco criativo do cantor ao adotar estruturas não convencionais e texturas sonoras que rompem com os padrões do K-pop tradicional.
Apesar do tempo relativamente curto de cada faixa — nenhuma ultrapassa muito os três minutos —, o disco entrega uma experiência densa e coerente. Cada segundo é aproveitado ao máximo para reforçar a identidade visual e sonora do projeto, consolidando KEY como uma das vozes mais ousadas do pop coreano atual.
KEYLAND, evolução e Brasil no coração
A era HUNTER também se estende aos palcos. KEY já anunciou o show solo 2025 KEYLAND: Uncanny Valley, que estreia em Seoul de 26 a 28 de setembro, seguido de apresentações em Taipei, Tóquio e outras cidades asiáticas. A promessa é de um espetáculo conceitual, visualmente impactante, como já se tornou marca registrada do artista.

(Divulgação / SM Entertainment)
Em entrevista, KEY também expressou seu carinho pelos fãs brasileiros, relembrando as apresentações com o SHINee em 2014, durante o Music Bank no Rio de Janeiro. “A energia dos fãs no Brasil era incrível. Aquilo nos deu ainda mais força no palco. Eu adoraria voltar, tanto solo quanto com o grupo”, disse com entusiasmo.
Questionado sobre música brasileira, ele confessou ainda não ter explorado muito, mas está curioso. “Se houver algum artista cujo estilo combine com o meu, adoraria receber recomendações. Podem me mandar sugestões!” O convite está feito — e os fãs brasileiros certamente irão responder.
O cantor ainda acrescentou que “já faz um bom tempo que não posso visitá-los pessoalmente, mas sou realmente grato pelo apoio constante e pelo amor inabalável que vocês têm me enviado de tão longe. Prometo que voltarei para vê-los novamente. Por favor, demonstrem muito amor por este novo álbum também.”
Um manifesto pessoal disfarçado de álbum pop
Mais do que uma sequência de hits, HUNTER é um manifesto artístico. É KEY se despindo de filtros, encarnando o próprio “caçador” que busca versões mais profundas de si, enquanto convida o público a fazer o mesmo. O álbum reafirma seu lugar como uma das figuras mais inovadoras e corajosas do K-pop contemporâneo — alguém que não tem medo de correr riscos, emocionar e, acima de tudo, ser honesto.

(Divulgação / SM Entertainment)
A crítica internacional tem elogiado a ousadia sonora de HUNTER. A revista NME destacou que o álbum “junta a produção refinada à experimentação eletrônica com um toque de caos controlado”, apontando que esta é a obra mais inovadora de KEY até o momento. Músicas como Want Another e Trap flertam com a estética do hyperpop e sons metálicos distorcidos, enquanto Picture Frame adota uma atmosfera etérea e onírica. Apesar da variedade de gêneros, o álbum mantém coesão graças à direção artística afiada e à performance vocal multifacetada de KEY.
A julgar pela recepção inicial de HUNTER — tanto do público quanto da crítica —, a nova era de KEY não é apenas uma continuação de sua jornada, mas um marco de autoconhecimento, coragem criativa e conexão emocional com os fãs ao redor do mundo.














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