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[ENTREVISTA] Diretores e artistas de Guerreiras do K-pop destacam importância da animação e revelam inspiração inesperada

Em coletiva de imprensa, Maggie Kang, Chris Appelhans e vozes das HUNTR/X abordam vulnerabilidade, humor e representatividade do filme


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(Divulgação / Netflix)

Guerreiras do K-pop vem conquistando o mundo não apenas como a animação mais assistida do catálogo da Netflix, mas também por sua trilha sonora — mais especificamente, “Golden” — que tem se mostrado arrebatadora. O filme se tornou um fenômeno global, responsável por atingir recordes inimagináveis e transformar a produção dirigida por Maggie Kang e Chris Appelhans em uma das principais apostas para a temporada de premiações, além de colocar os nomes — e as vozes — de EJAE, Rei Ami e Audrey Nuna nos holofotes.


Sucesso indiscutível da Netflix



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(Divulgação / Manny The Movie Guy)

A animação original mistura diversos elementos que parecem imiscíveis, de certa forma, mas encontra o equilíbrio entre o humor e a seriedade em uma trama de fantasia, que dialoga, de sua própria forma, com a realidade. Chris Appelhans, que compartilha a direção com Maggie Kang, ressalta que havia oito elementos essenciais para a construção de Guerreiras do K-pop e unificá-los foi um dos maiores desafios no período de produção.


"Queríamos que elas [HUNTR/X] estivessem, devorando kimbaps, sendo super bobas, usando calças de pijama, e depois indo para um encontro de K-drama. Havia umas sete ou oito coisas realmente essenciais, incluindo ideias musicais, coreografias e lutas, e a animação precisava unificar tudo isso. As garotas tinham que fazer caretas engraçadas e, em seguida, virar para a câmera e parecer lindas — e o público precisava embarcar nessa. Isso é um desafio técnico, de design e de referência para os animadores", disse Appelhans em coletiva de imprensa a qual o Café com Kimchi esteve presente.




A variação do tom da animação surge de uma inspiração de ambos os diretores em Bong Joon Ho, vencedor do Oscar com Parasita. Appelhans relembra como o aclamado diretor sul-coreano possui esse jeito único de abranger diferentes gêneros, arrancando diferentes emoções do público. Esse aspecto teria motivado tanto Maggie, quanto Chris em moldar a dualidade das HUNTR/X, que em seu íntimo agem como garotas descontraídas, mas que precisam adotar outra postura na frente das câmeras e para salvar o mundo.


"Ele [Bong Joon Ho] tem essa variação de tom completamente maluca. Nós adoramos isso. Tivemos todos esses ingredientes e aspirações para criar essas garotas que fossem incríveis — genuinamente glamourosas e magnéticas de um jeito que pudesse competir com o K-pop da vida real."


Não era apenas na animação e no enredo que a produção precisava se atentar para encontrar um equilíbrio entre seus múltiplos elementos. Essa busca também se estendeu à trilha sonora. Rei Ami, responsável pela voz cantada de Zoey, relata que trabalhou intensamente com o produtor musical executivo Ian Eisendrath para encontrar o ponto certo entre performance e vulnerabilidade, a fim de criar músicas mais emocionais — como What It Sounds Like, que acabou se tornando a canção mais pessoal para ela.


"Em músicas como "What It Sounds Like", Zoey precisa se despir completamente de toda aquela tendência de agradar às pessoas e olhar para si. Isso só exige que eu seja brutalmente honesta e não crie essa fachada forte que construo com frequência. Cheguei a sair em um momento e comecei a chorar porque não conseguia fazer direito. Não conseguia evocar essa honestidade e estava frustrada comigo mesma. Honestamente, agradeço a Deus por Ian. Ele me salva todas às vezes. A música me salvou", relembrou Rei Ami.




Com mais de 200 milhões de visualizações, Guerreiras do K-pop se tornou o filme mais assistido da história da Netflix. É inegável a força da animação, que conquistou o público por diversos motivos — do enredo envolvente e das referências à indústria do K-pop ao estilo vibrante de animação e à trilha sonora marcante. Ainda assim, não se pode ignorar o carisma contagiante do trio protagonista — Rumi, Mira e Zoey — que, juntas, revelam uma amizade cativante, capaz de superar até um segredo perigoso e, por vezes, ofuscar o arco entre Rumi e Jinu, do grupo Saja Boys.


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(Divulgação / Netflix)

Maggie Kang defende que queria ver mulheres sendo espontâneas na tela — sem medo ou qualquer tipo de censura. Desde os primeiros minutos do filme, as HUNTR/X revelam esse lado leve e brincalhão ao se divertirem em pequenos momentos, como durante uma simples hora do lanche juntas. Para Kang, ainda existe um certo receio em animações de conceder às personagens femininas o papel do humor. Com Guerreiras do K-pop, ela quis romper essa barreira e apresentar uma visão mais livre e divertida do que gostaria que mulheres de diferentes gerações vissem representado nas telas.


"Acho que há empoderamento e força na comédia", disse Kang. "É preciso muita coragem para ser engraçado, fazer piadas e ser bobo na frente de alguém. E se você encontrar um grupo de pessoas que te acolhe e te acolhe no seu lado mais estranho, e elas são tão estranhas quanto você, esse é o melhor tipo de amizade. Eu realmente queria mostrar esse tipo de relacionamento feminino", explica a diretora.


Fantasia, kimbap e uma história humana

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(Divulgação / Netflix)

Embora tenha despertado cenas de comédia, que arrancaram boas risadas do público, o longa-metragem é mais profundo do que suas cenas divertidas. Apesar de seu universo incluir uma luta contra demônios, vozes capazes de salvar o mundo e ataques sobrenaturais, Guerreiras do K-pop dialoga em vários aspectos com a realidade. Desde a construção de uma personagem que precisa lidar com um segredo que a torna diferente dos demais até a valorização cultura da Coreia do Sul em tela.


Audrey Nuna, responsável pela voz de Mira nas canções, destaca a importância da representatividade em K-pop Demon Hunters, que nasce de um lugar muitas vezes sutil e facilmente despercebido. A cantora observa que tanto os personagens quanto a narrativa são construídos sob uma perspectiva profundamente humana — e vê-los através da lente da própria cultura torna tudo ainda mais significativo.


Ela também relembra como o filme ganha força por transmitir um sentimento de pertencimento e orgulho para coreanos que cresceram em outros países, assim como ela e Maggie Kang.


"É algo profundamente humano. [...] Todos nós já sentimos essa sensação de: 'quais partes de mim eu me orgulho?' e 'quais partes eu não me orgulho?'. Lembro que levava uma lancheira da Barbie, mas dentro tinha kimbap com cheiro forte e tentava escondê-lo. Quando vi o kimbap animado neste filme, chorei muito nos primeiros dez minutos. Quando era criança, Nick Smith e sei lá quem mais achavam super nojento, e agora está ali, esse kimbap lindo, animado e suculento em um filme que agora é mundialmente reconhecido", relembra Audrey.




Lançado em 20 de junho no catálogo da Netflix, Guerreiras do K-pop rapidamente dominou o Top 10 da plataforma, alcançando a primeira posição em 26 países nos primeiros dias após a estreia. Enquanto EJAE, Audrey Nuna e Rei Ami dão voz às HUNTR/X nas canções, Arden Cho, May Hong e Yoo Ji-young são responsáveis pelas vozes faladas. O elenco ainda conta com Ahn Hyo-seop (de Pretendente Surpresa) como Jinu e Lee Byung-hun (de Round 6) interpretando Gwi-ma.


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