Ação, romance, sensibilidade e um grupo de vilões cativantes marcam a nova temporada da série da Netflix
(Divulgação/Netflix)
A tão aguardada segunda temporada de A Criatura de Gyegonseong chegou hoje ao catálogo da Netflix. Com sete episódios, a temporada trouxe novos personagens interpretados por Han Sohee e Park Seo-joon e respostas para perguntas que não foram respondidas no fim da primeira temporada. O Café com Kimchi pôde conferir os episódios antes do lançamento e traz uma resenha completa sobre a série.
Oito meses se passaram desde a segunda parte da primeira temporada que foi finalizada com dez episódios. Então, vale relembrar que Han Sohee interpretou a investigadora Chae-ok, que estava em busca de sua mãe que desapareceu há 10 anos, já Seo-joon deu vida ao personagem Jang Tae Sang, o proprietário da Casa Dourada, uma loja de penhores respeitada pelos moradores de Gyeongseong — a antiga Seul.
Ambientada na Coreia do Sul colonizada pelo Japão, a primeira temporada mostrou como o país foi afetado pela colonização e pela Segunda Guerra Mundial. O contexto político e social da época mesclados a uma história de ficção, ação e fantasia abordam o tema com muita sensibilidade.
Mesmos rostos, um novo olhar
Com um salto temporal de aproximadamente 80 anos, a segunda temporada de A Criatura de Gyeongseong mostra Seul nos dias de hoje e nos apresenta uma nova dupla de personagens principais: Jang Ho Jae (Seo-joon), um detetive particular da agência Bugang Sagang e A Canário (So Hee), que assim como Chae-ok, procura por pessoas desaparecidas, porém vive na espreita e muito discreta.
Seus caminhos se cruzam quando Ho Jae e Canário pegam um mesmo caso e ao investigar acabam em uma assustadora cena de assassinato causado pela criatura do experimento najin — aquele que, assim como na primeira temporada, possui tentáculos e comportamento violento e descontrolado. A dupla acaba em combate, Ho Jae apanha de Canário, que até então é uma mulher misteriosa e muito mais preparada fisicamente para lutar.
De forma similar a primeira temporada, o assassinato acaba unindo os dois em uma missão perigosa. A partir daí, a dupla descobre mistérios sobre si mesmos, seus passados e sobre o experimento que agora é executado pela Jeoseung Biotech, empresa farmacêutica que interiormente era o Hospital Ongseong, e agora é administrado pelos sucessores do general Kato (Choi Young Joon) e Lady Maeda (Kim Soo Hyun), nomes que ainda são muito fortes no experimento, mesmo anos depois.
Nova trama, novos personagens
Obs.: o texto abaixo contém spoilers
(Divulgação/Netflix)
Um ponto importante para perceber na segunda temporada é a similaridade de cenas e situações que aconteceram na primeira com a intenção de resgatar memórias que são importantes ou marcantes para a trama atual. Tal semelhança reforça a inevitável comparação entre as duas temporadas e a percepção de que a série perdeu um pouco do tom do enredo anterior em trazer uma metáfora bem sensível da colonização e guerra no país.
Mas essas mudanças possibilitam uma nova abordagem e amadurecem a história com outro olhar, e de certa forma permanece ainda sensível. Para a nova temporada a série vem ainda mais cheia de ação, com cenas de luta muito intensas — e, às vezes, bem violentas — mas também carregada de suspense e um ritmo de desenvolvimento que deixa o espectador sedento por respostas.
Não há mais colonização, não há guerra, mas ainda há consequências para Canário e Ho Jae e muitas outras pessoas inocentes que caem no encanto da Jeoseung Biotech, que agora aprimorada e moderna, traz um ar de confiança e convicção, mas continua sendo o cruel laboratório subterrâneo que habitava experimentos horríveis durante a guerra.
Quem dá a vida para esses novos casos e novo cenário é o capitão Kuroko (Lee Moo-saeng), que administra e evolui o experimento, assim como fazia o general Kato. Além do militar, temos novos personagens como a dupla de policiais formados por Yuh Myung-Joon (Lee Sung-Wook) e pela inexperiente detetive Noh Ji-su (Han Dong-Hee), que entram para a história na tentativa de investigar casos de desaparecimento e ficam na cola da Ho Jae.
Ainda, temos algumas personalidades polêmicas que por toda a temporada podem ser questionados e julgados como um tanto quanto suspeitos: Seung Jo (Bae Hyeon Seong), que chega para atrapalhar os planos da dupla principal, mas que assim como Kwon Yong-Gil (Heo Joon-Seok), sócio de Ho Jae na agência, causa uma série de dúvidas sobre seus comportamentos controversos.
Dúvidas solucionadas e novos questionamentos
O final da primeira temporada de A Criatura de Gyeongseong deixou diversas pontas soltas que deveriam ser desenvolvidas e fechadas na segunda temporada. E de fato, muitas respostas foram dadas, porém de forma confusa e lenta, já que a série demora cerca de quatro episódios para apresentar o novo enredo e conectá-lo ao antigo, dando a impressão de que não vai chegar em lugar nenhum e dar as respostas tão aguardadas pelos espectadores.
A história e personagens permanecem cativantes, com menção honrosa ao grupo de vilões que movimentam a trama de forma fascinante e insensível, motivados apenas por suas próprias necessidades e egoísmo. Porém os novos personagens se desenvolvem de forma muito lenta e superficial, seus segredos e planos tem pouco tempo para serem revelados e deixam um gosto agridoce e vontade de vê-los sendo ainda mais lapidados.
Com três episódios a menos que a primeira temporada e o desenvolvimento lento da trama, é perceptível a dificuldade para atar os nós e conectar as duas temporadas sem deixar a história arrastada e depois devidamente acelerada em um piscar de olhos. A introdução de novos personagens, mudança de cenários e toda a explicação para entender como tudo que ocorre em Gyeongseong chegou até a nova Seul sofrem com o desafio de deixar uma história tão complexa com apenas sete episódios.
Enredo equilibrado e convidativo
(Divulgação/Netflix)
É impossível citar as qualidades de A Criatura de Gyeongseong sem falar do elenco. Apesar de enfrentar os desafios citados acima, a série vem com uma trama incrível, com muita ação, sucintas pitadas de humor, carregada de bom suspense e um romance fácil e genuíno.
Tendo isso em vista, é claro que os atores que sustentam a história de forma muito envolvente. Não há como negar a química entre Sohee e Seo-joon como par romântico e até mesmo em seus embates, que proporcionam um equilíbrio encantador entre razão e emoção.
Para além do casal principal, a série só funcionaria bem se houvesse bons vilões, daqueles que amamos odiar, como Kuroko e Lady Maeda, que causam perdas significativas para a vida dos personagens — e nos fazem sentir como se estivéssemos perdendo algo importante também. Eles fazem perceber que as criaturas desenvolvidas no experimento não são de fato as vilãs, mas as vítimas também.
Vem aí uma terceira temporada?
Obs.: o texto abaixo contém spoilers
A segunda temporada parecia vir para encerrar ciclos abertos que ficaram sem respostas. Mas assim como a primeira temporada, o último episódio da segunda dá um ar de que tem algo por vir, como um novo recomeço para Ho Jae e Chae-ok, que enfrentaram o pior mal e tiveram suas personalidades e memórias afetadas por tantas perdas.
Mas além disso e não menos importante, tudo indica que há possibilidade de surgimento de um novo vilão que tem novas ambições para a Jeoseung Biotech — que sinceramente não parece manter najin apenas no subsolo do laboratório, mas algo maior e bem mais significativo.
E para outros personagens, o destino pareceu tão aberto e pouco esclarecedor, dando oportunidade de explorar novos ares e possibilidades. Os roteiristas da série já provaram uma vez que não se contentam com um final aberto, então, a possibilidade de ocorrer novamente não deve ser descartada.
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