Review | O verão está seguro nas mãos de Doh Kyung-soo e o múltiplo álbum "BLISS"
- Leonardo Fernandes
- há 2 dias
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D.O. divulga primeiro full album solo com gêneros diversos e vontade de trazer o sol à própria discografia
(Company Soosoo/Divulgação)
O verão sul-coreano é comumente demarcado por lançamentos mais upbeat no K-pop, com artistas divulgando seus principais releases do ano nessa época. E o Doh Kyung-soo, em BLISS, faz a própria aposta. No início de julho, o artista fez seu terceiro comeback como solista numa tentativa de evoluir a identidade sonora que estabeleceu para seus discos individuais.
Nesse sentido, D.O concluiu a missão. BLISS chega ao público numa mescla de gêneros musicais que embalam a voz marcante do tenor do EXO, como uma afirmação de que seu melhor álbum sempre será o próximo.
Doh Kyung-soo, em BLISS, aperfeiçoa o que já faz de melhor e presenteia os fãs com coisinhas novas
O comeback inicia com a deliciosa Nobody Knows It, faixa com toques de bossa nova que beneficia a voz de D.O., tão macia aos ouvidos. Enquanto muitos artistas apostam em discos de verão com músicas mais impactantes e fortes, BLISS é majoritariamente composto por canções serenas e elegantes, perfeitas para uma manhã preguiçosa sob o sol.
O efeito é um pouco diferente com o pop rock Do you remember?, que eleva a agitação do álbum, mas que ainda é uma canção agradável para envolver os fãs na magia que Kyung-soo faz com as notas musicais. E após isso, Fit é o presente que muitos esperavam do artista: uma faixa R&B que há muito precisava constar nas tracklists do cantor. O alcance vocal de D.O. permite um refrão de timbre grave e sensual, que derrete os corações de quem, felizmente, ainda se deixa encantar pela voz dele.
A tracklist dá uma escorregada com SING ALONG!, title track produzida pelo rapper ZICO. Apesar de não fugir do espectro mais bubblegum dos singles anteriores de D.O, como Popcorn e Rose, a música é avessa ao que o álbum mostra até então, simulando um tropical house que a torna bobinha em comparação às outras canções.
Contudo, este filler utilizado para impulsionar o comeback é contornado em 5 minutes, que finaliza a primeira parte do CD e que é a title moral do lançamento — uma joia emocionante pautada na mescla do synth com o pop da metade dos anos 2010, presente em discos como 1989 de Taylor Swift e EMOTION de Carly Rae Jepsen. Uma faixa muito mais interessante e eletrizante que sua antecessora, e que Doh Kyung-soo, no BLISS, devia ter escolhido como single.
Até aqui, o CD é ensolarado e conectado com as propostas que a estação mais quente do ano exige. D.O. não teme abraçar um lado mais extrovertido para este comeback, e a title SING ALONG consegue até se redimir no fato de ser tão comum. O que há de errado em só se divertir, não é?
(Company Soosoo/Divulgação)
A segunda parte do álbum é dominada pelas baladas, o que não é demérito
D.O. optou por fazer um 50/50 neste comeback, e a segunda metade dele é comandada pelas faixas mais lentas. Apesar disso, a qualidade do CD é mantida e celebra as ballads encantadoras dos álbuns anteriores do membro do EXO, como nas faixas I'll Be There e Where You Were.
Aliás, Draw My Path destaca-se pela produção e mensagem, esta que casa muito com a "nova" faceta que Kyung-soo inseriu neste disco. BLISS põe à prova a habilidade do artista de ser plural e um verdadeiro camaleão em sua arte, que transita nos estilos musicais que é capaz de interpretar com esmero. Neste CD, D.O. deu um passo adiante na evolução qualitativa de sua discografia, e claro, sem abandonar o blueprint que o destacou tanto dentre os talentos do EXO.
A comovente IN ANOTHER LIFE e a terna Love to Love U aguçam e abraçam os ouvidos para o término de BLISS, potencialmente o melhor disco solo de Kyung-soo. Elas entregam a sutileza e classe necessárias para finalizar uma tracklist que começou tão explosiva e charmosa, e que levou D.O do ponto A ao B no espectro inédito que seus lançamentos individuais chegaram.
Aqui, o artista saiu um pouco mais da própria caixinha. Doh Kyung-soo, em BLISS, provou que ainda é uma força motriz do K-pop na hora de compartilhar bons projetos do começo ao fim, mesmo que as triviais title tracks mascarem os diamantes que existem nas b-sides.
D.O. pode cantar os estilos que quiser, bastando maiores riscos para experimentar. E é notável seu esforço em não se deixar moldar pelo mesmo gênero musical em todos os CDs. É óbvio que ele cantará as coisas que já domina, e nem sempre o que é inédito dará certo — mas a vontade de inovar e testar é vista com bons olhos, e é um trunfo dentre os atos solos do K-pop.
Como o próprio significado da palavra em inglês, BLISS é uma viagem de enorme contentamento.
Escute BLISS do D.O. abaixo:
