Review | Em "KARMA", Stray Kids celebra a glória e encara o peso da jornada em novo álbum
- Juliana Palmeirim da Silva
- 24 de ago.
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de ago.
KARMA reforça a identidade criativa do boygroup e celebra a conexão com os fãs em 11 faixas poderosas


(JYP Entertainment/Divulgação)
O Stray Kids voltou com novo álbum! KARMA, lançado no dia 22 de agosto, tem produção e composição assinadas majoritariamente pela 3RACHA — a subunidade criativa formada por Bang Chan, Changbin e Han —, e o projeto reafirma o domínio artístico do grupo no cenário global do K-pop. Gravado entre turnês e quartos de hotéis, e lançado após o aclamado ATE e a mixtape Hop, KARMA surge como um testemunho de maturidade musical, inovação e fidelidade à própria narrativa dos meninos.
Com um pano de fundo ambientado no ano de 2081, o comeback se desenrola como uma competição de elite dos "Karma Sports", em que os membros encarnam campeões lendários em visuais esportivos de alta moda e disputam não só uma taça simbólica, mas o legado da própria trajetória. Nisso, é feita uma metáfora visual para o que o Stray Kids vem construindo desde 2017: uma corrida onde a persistência e o talento garantem vitórias autênticas, mesmo sob pressão.
A estética futurista não é por acaso; ela permeia o som de KARMA. Há o uso agressivo e refinado de sintetizadores, batidas de EDM e arranjos que flertam com pop alternativo, trap e até elementos de música clássica moderna. A faixa de abertura, BLEEP, já deixa claro o tom rebelde e introspectivo do trabalho, com letras que desafiam a censura e confrontam verdades desconfortáveis. Ainda assim, o grupo não se rende ao caos: os Stray Kids o moldam.
CEREMONY, o equilíbrio entre a celebração e a crítica
A faixa-título, CEREMONY, é o coração pulsante do comeback. Escolhida entre fortes concorrentes como CREED e PHOENIX, a música carrega uma aura triunfante. O refrão é direto, com um drop pesado e sintetizadores que simulam fogos de artifício, como uma explosão de orgulho e gratidão. Em entrevista ao programa Nightline, Changbin explicou que a música é uma celebração da trajetória compartilhada com os fãs (os STAYs) e uma forma de dizer que todos são campeões. A intenção é clara: transformar a narrativa do sucesso em festa coletiva.
O MV de CEREMONY, lançado simultaneamente com KARMA, reforça essa grandiosidade. Em um estádio futurista, os Stray Kids competem por um misterioso “Karma Coin” enquanto ostentam trajes esportivos de animal print e recebem orientação de... Faker, o lendário jogador de e-sports e League of Legends. É um aceno inteligente à cultura gamer e à juventude que compõe a base de fãs do grupo.
Ainda dentro da title track, há também uma camada de crítica velada. Em CEREMONY, o Stray Kids comenta sutilmente sobre a competição constante na indústria e os efeitos disso sobre os artistas. Além disso, a edição “Festival Version” e a versão em inglês não apenas expandem o alcance da faixa, mas também mostram a versatilidade do boygroup: enquanto a primeira adiciona ainda mais brilho e celebração, a segunda oferece uma porta de entrada global com um inglês fluido e emocionalmente acessível.
Ainda em conversa ao Nightline, os cantores revelaram a complexidade emocional por trás da criação do álbum. Na ocasião, Felix falou abertamente sobre o peso do reconhecimento global: “claro, senti pressão, mas isso realmente vem da atenção e do cuidado que recebemos de fãs do mundo todo. Por isso, somos profundamente gratos”. Tal vulnerabilidade se traduz nas letras do comeback, especialmente em faixas como MESS e 0801.
Bang Chan também compartilhou o simbolismo por trás do título KARMA: “significa causa e efeito. Acredito que nossas escolhas e ações moldaram quem somos hoje”. Ele ainda destacou que o objetivo maior do grupo é continuar unido por muito tempo, uma meta simples, mas poderosa em uma indústria conhecida por sua efemeridade.
Do íntimo ao intenso: a diversidade sonora nas faixas secundárias em KARMA

(JYP Entertainment/Divulgação)
Entre os destaques do lado B do álbum está MESS, uma canção melancólica com instrumentais lo-fi e letras que exploram a vulnerabilidade e o caos interno. Escrita por Han, a faixa representa um dos momentos mais crus e autênticos do disco, um contraponto necessário à grandiosidade de CEREMONY. Outra joia da tracklist é IN MY HEAD, que se destaca pela produção mais minimalista, vocais suaves e um refrão que cresce com sutileza até se transformar em um grito emocional.
HALF TIME, por sua vez, é um dos pontos mais ousados do disco. Com mudanças rítmicas bruscas e samples que lembram uma pausa estratégica em um jogo, a música brinca com a expectativa do ouvinte, entregando algo imprevisível, mas instigante. Já PHOENIX traz a energia de renascimento, com uma produção assinada por DallasK e um refrão que soa como um renascimento literal. É como se o boygroup, mais uma vez, estivesse se reinventando no meio das chamas.

(JYP Entertainment/Divulgação)
Por fim, 0801 funciona quase como uma carta pessoal de Bang Chan. Com um instrumental etéreo e arranjo que lembra uma balada eletrônica suave, a canção carrega o peso emocional da jornada do grupo e reforça o compromisso de se manterem unidos, como revelado pelo próprio líder em entrevistas recentes.
Em outro momento das entrevistas de promoção, Bang Chan lembrou com carinho da turnê mundial “dominATE”, que serviu de cenário para a composição de várias faixas. “Parecia um festival, com fãs de todas as idades vindo se divertir. Aqueles momentos nos deram muita força no palco.” Esta conexão com o público se manifesta musicalmente em 0801, que o membro assina letra e produção.
VEREDITO FINAL: KARMA é um equilíbrio entre glória e introspecção do Stray Kids
Stray Kids entrega com KARMA um dos trabalhos mais consistentes de sua discografia. É um álbum que sabe quando celebrar e quando respirar fundo; quando subir o tom e quando se recolher. A produção do 3RACHA atinge novos patamares, mostrando que o grupo não apenas sobrevive ao sucesso, mas continua desafiando seus próprios limites criativos.
Musicalmente, KARMA não reinventa a roda do K-pop, mas refina, consolida e amplifica tudo o que o Stray Kids representa: autenticidade, ousadia e um laço inquebrável com seus fãs. E, com isso, a mensagem é clara: o karma pode ser duro, mas com talento e trabalho coletivo, ele também pode ser gentil.
Melhor faixa: “Ceremony” (versão original)
Faixa mais surpreendente: “Mess”
Faixa mais emocional: “0801”
Ouça KARMA do Stray Kids logo abaixo:
Comentários