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[Resenha] "Gênio dos Desejos", da Netflix, é o K-drama ideal para quem não deseja muito

Atualizado: 17 de out.

Produção com Suzy e Kim Woobin aborda a mitologia do gênio da lâmpada com romance de premissa interessante


"Gênio dos Desejos", da Netflix, é o K-drama ideal para quem não deseja muito
(Netflix/Divulgação)

Não dá para inventar a roda o tempo todo. Por isso, alguns K-dramas reutilizam tropes e tipos de narrativa com uma nova roupagem, no intuito de agradar o público que procura algo leve e descompromissado. E há casos em que estratégia é certeira, como ocorre em Gênio dos Desejos, produção da Netflix com Bae Suzy e Kim Woobin.


Misturando a comédia com a fantasia, o streaming oferece à dramaland uma nova "romantasia" para chamar de sua. Inclusive, a canetada do roteiro promete: Gênio dos Desejos foi escrito por Kim Eun-sook, autora dos sucessos Goblin, Descendentes do Sol e A Lição. Será que o drama entrega o vício que promete?





O Café com Kimchi assistiu ao título que entrou no catálogo em 3 de outubro. Confira abaixo as nossas impressões:



Em Gênio dos Desejos, Kim Woobin e Suzy travam um embate de emoções e anseios


Em Gênio dos Desejos, a mitologia do Jinn (comumente conhecida como a do "gênio da lâmpada") está na premissa de um encontro oportuno para >uma< das partes. Ki Ka-young (Suzy), uma jovem inteligente, mas que possui uma barreira emocional e social, viaja até Dubai para finalmente reencontrar a mãe que a abandonou há anos. Na vida adulta, Ka-young mora com a avó (feita pela atriz Kim Mi-kyung), que deu à neta uma educação rígida e cheia de regras; mas essenciais para que a protagonista entendesse como o mundo e as pessoas funcionam.


Durante a viagem no exterior, Ka-young tropeça (literalmente, ok?) numa lâmpada mágica, e é assim que o Kim Woobin nos apresenta Iblis, um gênio exageradamente emotivo e ingênuo. Mas será que é tão ingênuo assim?




Nesse contexto todo, o Gênio permaneceu quase mil anos aprisionado na lâmpada, e o personagem está em busca da reencarnação da moça que, agora, é Ki Ka-young. Contudo, o que poderia ser um (re)encontro saído de um conto de fadas, torna-se uma intriga de gato e rato entre os protagonistas.


Logo de cara, Gênio dos Desejos estabelece as personalidades distintas de Iblis e Ka-young. Em detalhes que convencem, o K-drama não deixa implícito o quanto a personagem de Suzy é cética e niilista, enquanto Woobin interpreta um ser avesso à modernidade e que anseia, mais do que tudo, que Ka-young faça os três desejos que ela tem direito ao despertar o Jinn.


Bae Suzy no drama "Gênio dos Desejos"
(Netflix/Divulgação)

E a respeito da ingenuidade do Gênio, a Netflix acerta novamente: se nos primeiros episódios ele demonstra ser alguém simpático e carismático, suas "garras" surgem no decorrer do drama para comprovar, a pedido de Ka-young, que a humanidade pode ser corrompida e enfraquecida diante dos poderes dos desejos. Kim Woobin acerta fazendo um anti-herói que, para além de um par romântica da mocinha, também possui seus objetivos atrelados à luxúria e ganância dos seres humanos — e Ki Ka-young vai questioná-lo a respeito disso.


Dessa forma, Gênio dos Desejos foca nas interações cheias de comicidade e provocações da dupla principal, como também denota uma camada além de um romance clichê. Não é a primeira vez que esta premissa dá as caras nos dramas, mas o roteiro de Kim Eun-sook convence o espectador de que vale a pena dar uma olhadinha no que está rolando na tela.


A vontade de Iblis impressionar Ka-young, que começa como uma competição egocêntrica, transforma-se passo a passo num sentimento maior entre os dois. E sim, talvez a gente torça um pouquinho por eles...



Um elenco promissor e condizente aos protagonistas


Se deixarmos os protagonistas de lado, Gênio dos Desejos fornece ao público um elenco bem-selecionado pela Netflix. Nisso, em alguns momentos, Suzy e Woobin podem até ser engolidos pelos coadjuvantes, que floreiam o enredo em arquétipos recheados de carisma.


O ator Noh Sang-hyun é um dos principais destaques, é claro. O ator que tirou suspiros em Pachinko interpreta Su Hyeon, um investidor que possui diversos empreendimentos imobiliários, e que tem algo a mais para mostrar: ele foi um dos Anjos da Morte presentes na guerra celestial que culminou na renegação dos Gênios no céu.


Noh Sang-hyun no drama "Gênio dos Desejos"
(Netflix/Divulgação)

Na atualidade, o dito "vilão" deseja barrar as atividades do Gênio, e alertá-lo sobre as consequências de seu trabalho para a vida dos seres humanos. Assim, o espectador pode começar a refletir sobre Iblis ser um mocinho ou não, e se as suas atitudes são de fato benéficas para o mundo. Noh Sang-hyun tem uma interpretação magnética inserida com primor na história até nos momentos de maior comédia.


Além disso, o mesmo pode ser dito de Ahn Eun-jin (que faz uma personagem inusitada em Gênio dos Desejos) e Lee Joo-young, esta última como a melhor amiga de Ka-young, a dentista Min-ji. Go Kyu-pil, que é o braço direito do Gênio, entra na equação. Se o K-drama possui algum defeito, ele não está no casting: os coadjuvantes seguem a valsa da série coreana de forma instigante, com papéis que fazem sentido em existir.



Ainda, os efeitos visuais da série conseguem impressionar. Para uma produção de fantasia, a Netflix fez um bom investimento nos cenários computadorizados; que uma vez ou outra ficam um pouco aquém, mas que no geral condizem com os elementos fantásticos esperados.


Gênio dos Desejos não é perfeito, mas faz o essencial


As diferenças entre os ideais de Ka-young e Iblis tornam Gênio dos Desejos algo divertidíssimo de acompanhar. A história é esperta no humor, sabe os momentos corretos para as tiradas engraçadas, e transmite uma mensagem importante às pessoas que assistirão. O rostinho bonito de Kim Woobin, que encanta em diferentes momentos, não esconde do espectador que o Jinn é uma criatura sobrenatural com vontades e objetivos concretos, e que Ka-young é a peça-chave para talvez não transformá-lo, mas dar um novo olhar a ele em relação ao mundo.


Kim Woobin no drama "Gênio dos Desejos"
(Netflix/Divulgação)

Gênio dos Desejos explora até que ponto a ganância e a luxúria podem corromper uma pessoa nos momentos mais desesperadores. O artifício dos desejos, concedido por Iblis à protagonista, é só uma dentre inúmeras moedas que poderiam representar — e que já representaram diferentes vezes na ficção — o plot de um personagem em posse de um poder infinitamente poderoso e aterrador.


Inclusive, um dos destaques para a trama é o núcleo de uma funcionária de supermercados que tem contato com o Gênio. Este side plot resume uma das mensagens que Kim Eun-sook quis repassar.



Essa não é a melhor atuação de Suzy e Woobin na dramaland, mas os atores fazem o essencial, ou até mais do que isso, para uma narrativa leve em sua totalidade e inteligente nas linhas do roteiro. Ki Ka-young é profunda, possui uma back story emocionante, e a Suzy é uma pérola para tramas engraçadas com personagens sarcásticos. Demora um pouco para a gente se encantar pela jovem inicialmente, mas quando nos envolvemos com ela, nós conseguimos torcer por uma heroína que, afinal, apenas quer o bem e a justiça.



Conforme dito, Gênio dos Desejos não inventa a roda dos K-dramas, mas acerta na hora de dar um novo visual aos enredos fantásticos com uma pitada de romance. É o título perfeito para quem não deseja tanto, mas que pode se surpreender com muito!



E você, vai assistir ao drama na Netflix?

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