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Qual é o futuro dos BLs coreanos? Central Boys Love comenta sobre produções para 2022

Atualizado: 21 de jan. de 2023

Administradores falaram sobre o aumento dos lançamentos, a receptividade dos projetos e o mercado de Boys Love coreanos


(Central Boys Love/W Story/Reprodução)


Mais do que nunca, o mercado audiovisual e o consumo de produções BL (da sigla em inglês Boys Love) tem crescido significativamente nos últimos anos. Nisso, seriados, webséries e curtas-metragens do leste asiático (como os já conhecidos títulos da Tailândia) estão cada vez mais famosos e recebendo apoio do público ocidental. Agora, é a Coreia do Sul que tem, de certa forma, intensificado o desenvolvimento dos projetos.


Mas qual é o objetivo, no que diz respeito a audiência e ao mercado que consumirá os títulos? O que os estúdios sul-coreanos estão buscando com os BLs, e o que foi visto pelos produtores que irá colaborar com a popularidade dos boys love do país?



Com estes e outros questionamentos em mente, o Café com Kimchi consultou a página Central Boys Love para ajudar a sanar as dúvidas. Criada em 2018, a Central é uma das mais conhecidas páginas sobre BLs nas redes sociais, e que diariamente atualiza o público com notícias do gênero. O coletivo ajudou a fomentar a comunidade que acompanha os Boys Love, e no Twitter por exemplo, acumula mais de 50 mil seguidores.


Dessa forma, continue lendo abaixo para descobrir quais foram as respostas da Central Boys Love para algumas das nossas perguntas. Quais são os BLs mais esperados de 2022? O mercado sul-coreano das produções está crescendo até que ponto? Haverá uma progressão neste cenário? Confira tudo a seguir:


Entrevista com a Central Boys Love sobre o mercado de BLs da Coreia do Sul



Café com Kimchi: antes de tudo, nos contem um pouco a respeito da Central Boys Love. Quais eram os objetivos principais dos administradores na época da criação? O que os motivou a abrir um espaço nas redes sociais, para reunir conteúdos relacionados a BLs, e como foi a receptividade no começo?

Central Boys Love: A ideia surgiu em 2018, quando carecia de páginas que cobrissem exclusivamente o BL live action, e que na época era um nicho bem pequeno do Twitter. O fundador na época, junto a uma amiga, começou a cobrir os lançamentos do período e a recepção foi boa. Não havia grandes contas e todo mundo meio que interagia no começo; não tinha muita briga de ego, tão comum em redes sociais.


Dentre os conteúdos que são publicados e noticiados, quais são os mais populares? BLs de quais países recebem maior atenção entre os posts de vocês?

Tailândia e Coreia do Sul atraem mais cliques, sem dúvidas. A Tailândia, por ter uma indústria BL de fato: eles (as produtoras dos seriados Boys Love) pegaram o sistema idol do k-pop/j-pop e misturaram com as novels BL do país. E os atores (com os casais que eles formam) se tornam um produto tão ou mais importante que as séries. Por oferecerem muito conteúdo (músicas, performances, varieties), o público acaba ficando fiel a determinados casais de atores.


Já a Coreia do Sul é uma indústria recente e bem pequena dentro do país, mas que atrai muita atenção internacional. Pelo estilo de série, das narrativas e de estética já ser conhecido por parte dos jovens (seja através do k-pop, dos doramas, e a tal "onda hallyu") tais fatores acabam por atrair a atenção. Mas como durante/após a série não há o costume de “pós-venda” da Tailândia, acaba que esse calor esfria. Quando idols de grupos de k-pop estrelam (os BLs), também há uma recepção mais intensa.



A respeito das produções sul-coreanas, por que vocês acham que o mercado está aquecido para 2022? Será possível ver vários títulos sendo lançados neste ano?

A indústria coreana era, antes de 2020, limitada a curtas independentes de produtores gays, que geralmente não tem aquele tom “mágico” de BLs. Porém, inspirada pelo caso de Ossan’s Love no Japão (onde esse especial fez tanto sucesso que acabou desbravando, e criando caminho para diversas adaptações live action no próprio país), a produtora Energedic Company, em parceria com a W Story, fez Where Your Eyes Linger. O financiamento foi um problema, mas a recepção no sudeste asiático e no Japão foi excelente.


O BL coreano até hoje tem essa característica: ele é feito pro exterior. Com resultados positivos até domesticamente, com To My Star e outros, várias companhias começaram a investir. Já teve companhia de jogo, editora de livro e plataforma que publica manhwas entrando nos live actions. E pelo formato curto que é usado, eles acabam produzindo em quantidade diversas histórias pequenas. Cada dia mais pequenas companhias e algumas médias tem se interessado em produzir. Teremos bastante BLs neste ano. Até agora (data do dia 13/01, quando foi feita a entrevista), já temos quatro títulos para fevereiro, algo inédito. Mas ainda falta furar a bolha no mercado doméstico. Nenhuma companhia investiu nisso até hoje.




Na opinião dos ADMs, quais seriam os motivos para a Coreia do Sul investir mais em produções do gênero?

Em nossas conversas com produtores de lá, há motivos variados. Tem os que gostam da demografia e querem contar essas histórias, e há empresas que usam do drama como forma de divulgar a novel/BL game na qual o projeto foi baseado. No fim, eles almejam tornar rentável essas séries. Quando cai nos gostos de alguma audiência, até mídia física é lançada.


Apesar disso, acham que as produções sul-coreanas ainda precisam avançar e/ou mudar em algum aspecto? Em qual? Quais são as principais diferenças entre os BLs da Coreia do Sul, para os da Tailândia, por exemplo, e de outras nacionalidades?

O BL coreano é um produto de exportação. Isso traz consigo suas vantagens e desvantagens. De bom, temos que a pressão dos costumes é menor, afinal esses conteúdos não são exibidos na TV e não são alvo de grupos contrários (o que é muito comum para mídia LGBTQ+ na Coreia do Sul). O ônus é que o investimento é consideravelmente menor. Por ser uma mídia queer vendida para meninas jovens lá, há preconceito sobre financiar ou adentrar nela. Obviamente isso ocorre em todos os países, mas parece ser mais fechado na Coreia se comparado a Japão, Taiwan ou Tailândia.


E a principal diferença, sem dúvidas, é a duração. O formato de web-drama de episódios curtíssimos (às vezes, com menos de 10 minutos) é típico da Coreia. Nos outros países, a menos que seja um projeto pro TikTok, os episódios são de no mínimo 20 minutos. Isso ocorre pois a maioria dos BLs coreanos são, na verdade, filmes fatiados e lançados como série. Ainda, a maior parte das histórias são de roteiro original, sendo poucas adaptações até hoje, mas isso parece que está mudando.


Para a Coreia avançar em termos de duração, é necessário investimento de empresas grandes, que até agora têm se mostrado tímidas quanto a isso (apesar de empresas como a KBS já terem tido envolvimento com BLs coreanos). Diversidade de temas e abordagens já há, mas há um foco excessivo em visuais e histórias descomplicadas devido ao curtíssimo tempo disponível.



Há algum título entre os BLs coreanos que o público está com mais expectativas para ver em 2022, de acordo com o que vocês já notaram na página?

As adaptações de Cherry Blossoms After Winter e Semantic Error, sem dúvidas. Como são novels/manhwas já populares, a ansiedade da audiência pros live actions é grande.


(W Story/Bamwoo/Reprodução)

A Central Boys Love considera que o número atual de produções na Coreia irá aumentar, manter-se assim ou será apenas algo de momento?

A tendência tem sido de aumento. No último trimestre, houve uma quantidade significativa de séries que iniciaram suas produções. Muitas delas ficamos sabendo pelo classificado de vagas para equipe. Com a popularidade estável no exterior, a tendência é que mais companhias se aventurem nisso.


E na visão dos ADMs, vocês acreditam que a Coreia do Sul está mais aberta para receber estes produtos no país, em formato audiovisual, além dos já conhecidos manhwas?

A questão não é nem se a audiência doméstica quer ver adaptações do seus manhwas, mas sim que há receio das mídias mais tradicionais em distribuir as séries. Enquanto muitos manhwas e novels são autopublicadas pelas autoras em sites específicos para essa audiência, as séries, por moverem mais gente, se tornam mais interessantes financeiramente se distribuídas em mídias maiores. Mas há uma resistência em relação a isso. As companhias passaram a lançar as séries num app específico para BL live action, o Heavenly, mas a audiência principal continua sendo dos estrangeiros.



Nos surpreende no caso, de empresas internacionais que investem em conteúdo coreano (como a Netflix), não terem ainda patrocinado um BL. Mas tem ocorrido progresso sim na inserção de tramas na grande mídia, a passos de tartaruga; mas tem.



Para conhecer mais sobre o trabalho da Central Boys Love, acesse o site aqui.

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