Lançamento do artista é composto por dez faixas, que evidenciam delicadeza e formas de lidar com um coração partido
(JYP Entertainment/Divulgação)
Enquanto o DAY6 não retorna com lançamentos em conjunto, seus respectivos integrantes em atividade estão explorando dons individuais. E nesse caso, o Wonpil lançou na segunda-feira (07) o álbum Pilmography: sua primeira aventura completa como solo. Indo um pouco além do que a banda de pop rock costuma fazer, o tecladista e vocalista do grupo divulgou um solo que trilha caminhos no jazz, ballads e um pouco de bossa nova.
O projeto é acompanhado pelo MV da canção Voiceless, que também abre o álbum. O videoclipe é recheado de elementos fantásticos, e Wonpil protagoniza o audiovisual com uma sereia — que envolve o cantor num amor inalcançável. Na própria letra da música, Wonpil explica que o eu lírico deve afastar-se de sua amada, e que a relação de ambos não vingará; pelo fato de que a realidade jamais bebe da fantasia.
A temática romântica é presente em Pilmography do começo ao fim. Apesar de não explorar tantos outros assuntos nas letras, Wonpil opta por investir na delicadeza e sua voz inconfundível; preocupado em marcar os ouvidos do público com esta primeira exploração full solo. O debut do membro do DAY6 é leve para os ouvintes, e àqueles acostumados com as baladas e músicas indie da Coreia do Sul. Aqui, o público não encontrará nenhuma faixa pesada, ou que carregue o ritmo de algumas canções super agitadas da indústria atual.
E nisso, há uma sensibilidade evidente na title de Wonpil, e que permeia o disco. Diferente de alguns de seus contemporâneos, o artista escolhe pelo romantismo e um aesthetic mais clássico, sem necessitar das trends do K-Pop. O MV promocional intercala cores quentes e frias, e tem um pouco do charme de filmes românticos dramáticos.
Músicas como "Someday, spring will come", "Pieces" e "A journey" têm destaque no debut de Wonpil. A primeira delas é totalmente banhada na bossa, que é um estilo musical amplamente explorado entre atos sul-coreanos (o que é um ponto muito positivo), e Pieces tem um instrumental um pouco mais "chiclete"; mas sem perder a essência do álbum de não ser assim por completo. A journey, que tem a missão de fechar o disco, é uma das únicas canções que mais lembra o bom e velho DAY6 — protagonizada inteira por Wonpil, dessa vez.
Entretanto, talvez Pilmography não seja para todos os gostos. Wonpil criou o disco pensando em seu nicho, ou até nas próprias influências; o que é totalmente aceitável. Se você gosta do DAY6, irá aproveitar o que o integrante trouxe melhor para o debut. Mas caso ainda esteja conhecendo a banda, é aconselhável mesclar as dez faixas inéditas com o que a banda já produziu antes. Aqui, Wonpil está mostrando suas próprias cores, em âmbito bem mais pessoal.
Só que ouvir o Pilmography traz uma sensação de "saudade" das músicas do DAY6 também. O grupo da JYP tem sido a banda (nesse sentido, com instrumentos e tal) favorita do autor da resenha — eles sempre estiveram lá como um delicioso go-to na hora de curtir especificidades do K-Pop. E é maravilhoso o fato da banda nunca sofrer mudanças drásticas no que diz respeito a conceitos e melodias, e continuar a fazer o pop rock que os deixou famosos. É como se o lançamento individual de Wonpil, mesmo sendo algo totalmente novo, complementasse as cores que os artistas já têm em conjunto.
É um refresco ver que ainda há artistas no K-Pop que são fiéis às "raízes"; aos estilos que deixaram centenas de fãs apaixonados com o tempo. Wonpil divulgou uma versão melhorada de si mesmo, após anos como membro intrínseco do DAY6 (e ainda o é).
O cantor está ao lado de vários solistas que não dependem de coreografias, montagens de palco absurdas ou parafernálias visuais para ser artista. Apenas algumas teclas, a voz e uma ballad composta de forma inteligente são o suficiente para Wonpil.
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