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Foto do escritorFernanda Santos

Seventeen brinca com fogo em "HOT" e acaba se queimando

Atualizado: 4 de fev. de 2023

O novo álbum Face The Sun traz um retorno enérgico e arriscado; confira a nota para o lançamento no fim da crítica

(Divulgação/ PLEDIS)

Quando um grupo talentosíssimo como o SEVENTEEN anuncia um come back, é natural que exista uma certa expectativa, e essa expectativa é maior ainda se considerarmos o último trabalho do grupo, o triunfal Attacca. O que não é natural, porém, é um grupo deste calibre desapontar, e embora o novo álbum não seja uma decepção, ele falha na missão de encantar completamente o ouvinte.


Divulgado na última sexta-feira (27), Face The Sun possui 9 faixas, entre as quais a title HOT e o pré-lançamento Darl+ing. A novidade tem todos os requintes de uma super produção, incluindo teasers individuais para todos os 13 membros. Um dos come backs mais esperados de maio realmente se apresenta ao público como tal, mas o que funcionou e o que não deu certo no 4º álbum do grupo? Confira após a publicidade.


Darl+ing, single lançado há cerca de um mês e que "abre" o álbum, é cantado inteiramente em inglês. Ele deveria empolgar, mas não o faz; o ouvinte pode esperar para sempre um clímax que nunca chega. Apesar disso, é uma faixa que preserva algumas qualidades intrínsecas do grupo. É criativa, harmoniosa e com a devida repetição, a depender do mood de quem a escuta e outras variáveis, pode se tornar interessante. Um trunfo certamente é o videoclipe, que abraça a leveza e refrescância da música.



Leve e refrescante, todavia, são adjetivos que não cabem à HOT. A faixa titular, como o próprio nome sugere, é quente em níveis alarmantes. Não há nada de fresco aqui; há uma sensação de calor sufocante, acentuada pelas cores quentes no Music Video e outros elementos como carros, motos, armas de fogo e o cenário desértico. Tudo é árido, abafado e violento — o que orna com a proposta sonora da música.


HOT é agitada e potente, cheia de personalidade, mas não necessariamente uma boa faixa. Com refrão e artifícios repetitivos — e, sim, estamos falando da irritante sirene no fundo —, é uma obra que levanta bandeiras vermelhas na discografia do grupo. O Seventeen já se aventurou por águas perigosas em outras titles como Hit e Left and Right, mas agora o mergulho parece ser ainda mais arriscado. Não é o que o grupo faz de melhor, ainda que conquiste uma parcela dos fãs mais devotos.



Em certa medida, o álbum ao qual HOT está atrelado ameniza o impacto da faixa-título. Não é o melhor trabalho do grupo, mas está longe de ser descartável, e há preciosidades escondidas entre as b-sides. É o caso de March, que evoca uma nostalgia muito bem-vinda em meio à turbulência. É uma música agitada, porém, que consegue ganhar o ouvinte pela coerência.


Shadow também merece destaque. Ela possui as cores ímpares do Seventeen, o que é um elogio imenso. Original e deliciosa, é uma faixa que intercala momentos lentos com o ritmo bem marcado, uma receita infalível de hit. 'bout you é outra das grandes escolhas para integrar a tracklist. A música surpreende com um refrão alternativo e rap sólido, e tem um potencial para atrair até não fãs do grupo.


IF you leave me é uma faixa lenta que, à primeira impressão, não parece pertencer ao álbum; mas ela faz o bom trabalho de romper o pique da coletânea. Ela emociona com o piano e os vocais incorrigíveis, naturalmente o ponto forte aqui. No espectro oposto à sua delicadeza está Ash, uma música forte e magnífica, que mostra o melhor do hip-hop que o grupo tem a oferecer.


A tracklist ainda conta com DON QUIXOTE e domino, faixas que não encantam, mas há de se convir que não acoem o ouvinte da mesma forma que a title.

Enfim, é preciso destacar a versatilidade do Seventeen, sua irreverência e ousadia. Este álbum e, especialmente, esta faixa-título talvez não sejam as melhores aplicações de tais qualidades, mas é elogiável que o grupo procure formas de sair da sua zona de conforto, mesmo com uma carreira consolidada. Nem sempre dá pra acertar, e apesar dos pesares, Face The Sun não é um erro — é apenas um lembrete dos perigos de brincar com fogo.



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